Parque da Independência .

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Dessa vez nos encontramos no metrô Alto do Ipiranga, esperamos um pouco uma quarta pessoa que não apareceu. Fomos para minha casa nos aprontarmos para passear no Parque da Independência, no Ipiranga.
No caminho contei sobre o meu processo de estar começando a perceber, com ajuda das aulas da Lana, que sou Branca e não Augusta. Abri para o grupo, pois só a Silvia sabia e conversei com Gabriel um pouco sobre “o ser Branco”, o processo de aceitação e a descoberta de como jogar com essa característica.
Em casa fomos experimentando alguns elementos novos no figurino e pedindo a opinião do outro. Como ainda não comprei um nariz de látex o Caio sacou um nariz arrebitado e me emprestou.
Hum, adorei o nariz em pé!!!
Pé na rua com nossos instrumentinhos e vontade de passear.
Na avenida Nazaré uma concessionária distribuía pipoca. Um vendedor nos chamou e ofereceu pra gente. Claro que aceitamos, pipoca assim sem pedir nem nada! Havia um outro vendedor lá comendo pipoca, logo perguntou para o Albuquerque “Vocês fazem teatro??” Com cara de tonto olhou pra gente e interrogou “Teatro”?? “Como assim?”
O cara ficou lá explicando, reformulando a pergunta e nós lá comendo pipoca com cara de tonto e não entendendo o tal do Teatro. Ficamos no jogo do estamos passeando simplesmente e só e o cara inconformado, ficou um pouco irritado com as respostas pediu licença e saiu. A gente lá comendo pipoca e dando corda pra conversa. Até acabarmos a pipoca salgada e pegar a doce.

Continuamos na Avenida e finalmente chegamos ao Parque.

Já na entrada uma mulher nos chamou
-Oi
-Oi
-Aonde vocês vão se apresentar?
-Apresentar? Ahh, desculpe eu me apresento sou Albuquerque.
-Oi prazer sou a Fleur

(A cara de interrogação dela foi ótima)

Iniciamos a descida da escadaria do Jardim do Museu, aquele que parece um labirinto, e já um sujeito veio pousar do nosso lado pra namorada bater fotos.
Degraus abaixo havia um outro rapaz fotografando, posamos pra ele e pedimos o email. Mais alguns passos e um grupinho de crianças chegou com um celular tirando fotos. Cinco passos e uma galerinha pediu pra tirar fotos, fizeram um mini “vídeo” e nos enviaram por email. Nesse momento uma amiga do Gabriel chegou e pulou no Albuquerque. Advinha, ela estava com uma câmera fazendo trabalho pra Faculdade, Nova sessão de fotos. Essa foi divertida, jogamos posando de lugares que ela precisava fotografar naquele domingo. Fleur, Alfonso e Albuquerque, de bate pronto, se transformaram em Viaduto do Chá, Estação da Luz e Pinacoteca, essa última foi difícil. Olga estava num banco com uma moça, era um palhaço Solidário naquele momento que eu não participei. Ela e Albuquerque encontraram uma pessoa aos prantos e foram consolá-la enquanto Alfonso e Fleur estavam em cima de uma árvore disfarçados de passarinho para não serem vistos por eles.
Acabada a sessão “Visite São Paulo” fomos descendo tocando e dançando um sambinha com pausas e triangulações.
De repente veio vindo um grupo de umas dez pessoas de olhinhos puxados com câmeras na mão pra tirar foto conosco. Eram da China. As meninas vieram uma por uma do nosso lado e os rapazes batiam as fotos e assistiam. Sambamos um pouco pra eles e seguimos felizes por sermos Internacionais a partir daquele momento. Atravessamos a rua e fomos para a outra entrada. Na escadaria Alfonso e Olga foram se divertir escorregando na muretinha da escada enquanto Albuquerque e Fleur sentiam o vento bater na face enquanto estavam sendo observados no topo da escada.
A brincadeira dos dois foi linda, rendeu cenas ótimas, poéticas. Subitamente apareceu um homem com uma mega câmera e pediu autorização para fotografá-los e publicar no Flick dele.
Nunca vi tanta gente com vontade de tirar foto num dia só!

Vou pular a parte do cachorro pro Albuquerque contar. Só digo que “Gelei”!!!

Fomos procurar água e acabamos na casa do grito. Eu lá fora com Albuquerque, a segurança e a monitora obtendo informações históricas sobre a cripta do Dom Pedro e suas mulheres, aonde encontraríamos água. Elas sérias contando a história do Dom Pedro, nós preocupados em tomar água na cripta, eis que surgem Olga e Alfonso gritando na janelinha, numa felicidade tonta muito gostosa de ver. A segurança já deu uma chamada:
- “Não pode gritar!”
- “Não?” Mas... mas... é a casa do grito (eu ria por dentro, não tava agüentando a cara deles de tonto)
Fleur e Albuquerque já deram uma bronca: “Seus tontos!!! Não pode gritar!! Saiam daí”

A monitora perguntou na seqüência: Vocês não vão entrar?
Ahh não, não pode gritar não tem graça.

Fomos para o bebedouro que fica ao lado da cripta escura de Dom Pedro I, na base de um monumento gigante (não sei o nome, se alguém souber me fala). Lugar deprimente. Tomamos água e sentamos um tempo, uma mistura de exaustão e uma espécie de estado fúnebre, acho que por causa do lugar fomos saindo e tomamos uma bronca da recepcionista (acho que ela exagerou, deu bronca só porque Olga deu um pulinho no caminho pra dar um tapa em Alfonso). Fleur queria falar com a dita cuja, arrebitou o nariz e foi... mas foi apaziguada (ainda bem).

Saímos com a energia mais baixa e começamos a fazer um som fúnebre. Fleur disse (na verdade fui eu quem disse) Ai vamos mudar isso, e o legal foi o Caio dizer: Mudar porque?? Vamos aproveitar essa energia e ver o que dá>

Isso foi material para começarmos um cortejo de saída, fomos em um ritmo lento, tocando sons melancólicos e olhando para as pessoas.
Foi um dos momentos mais inteiros do Domingo, na minha opinião. Estávamos inteiros. Não escondemos o que estava se passando e rolaram coisas legais no trajeto.
Uma delas foi quando paramos com um grupo e tocamos pra eles dançarem. De repente Olga parou de tocar o pandeiro, Fleur já chamou a atenção dela:

- Ohh porque parou o pandeiro??
- É que eu fui dar tchauzinho pra ela
(Esse era um ótimo momento pra um tapão) Ali ficou claro uma Augusta e uma Branca. Seguimos e quando estávamos quase na saída vimos uma escadaria repleta de pessoas, dispostas ali na arena, quisemos nos apresentar.
Oba público!!! Pensamos. Olá pessoal obrigada por nos aguardar...

Ai caramba, começamos a sessão de fracassos!!!
Uma longa história que vou ter que continuar depois. Mas como tudo tem um lado bom, a terrível experiência nos atentou para a necessidade de criarmos cenas pra rua, pra não rolar o que rolou.
(não posso esquecer de escrever sobre o problema da platéia ser ruim e não os palhaços).

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